sábado, 22 de agosto de 2009

As expressões faciais não são universais


A resposta facial a situações de «medo», «surpresa», «nojo» e «raiva» difere entre ocidentais e asiáticos, segundo um estudo da Universidade de Glasgow, na Escócia.


«Compreender as expressões faciais da emoção é uma capacidade da interacção humana e muitos consideram as expressões faciais como "linguagem universal da emoção", a nossa investigação questiona isto e destaca a verdadeira complexidade da comunicação inter-cultural», explicou a líder do estudo, Rachael E. Jack, do Departamento de Psicologia.


O estudo, conforme explica a Universidade de Glasgow no seu site, envolveu 13 ocidentais e 13 asiáticos, a quem foram mostradas fotografias de caras com as sete expressões faciais básicas e universais de «feliz», «triste», «raiva», «nojo», «medo», «surpresa» e «neutra».


A conclusão mostrou que diferentes culturas se concentram em diferentes partes da cara para avaliarem determinada expressão facial. Verificou-se ainda que os asiáticos têm dificuldade em reconhecer expressões faciais de «medo» e «nojo», interpretadas erroneamente como «surpresa» e «raiva».


A razão pode estar no facto dos asiáticos se concentrarem mais nos olhos, onde é mais difícil distinguir as expressões, ao contrário dos ocidentais, que avaliavam toda a expressão, em particular os olhos e a boca.


As diferenças na interpretação das expressões faciais podem ser igualmente reconhecidas na forma como, quer ocidentais, quer asiáticos, utilizam caracteres para exprimirem uma determinada emoção, normalmente através de mensagens via telemóvel ou pela Internet.


Os ocidentais utilizam a boca para diferenciar a expressão emocional, ao contrário dos asiáticos que se focam mais nos olhos. Então, os ocidentais para passarem a ideia de «feliz» utilizam :-) ao passo que os asiáticos utilizam (^_^); para «triste», os ocidentais usam :-( , enquanto os asiáticos usam (;_;) ou (T_T); para «surpresa», os ocidentais usam :-o , que para os asiáticos é definido como (o.o).


O trabalho foi publicado na revista especializada Current Biology, com o título de «Cultural Confusions Show that Facial Expressions are Not Universal», desafiando a ideia de que as expressões faciais são universais.